quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Outrora ele conhecia a terra da alegria
terra que ao conhecer melhor mais esquecia
e mais e mais esquecia cada dia
E o rei cegava o rei falava como os cegos
a voz dele tinha esquinas e segredos
e à volta era o rio e os golfinhos a saltar
como quem quer brincar e o sabe fazer
e nos promete margens e promete mar
Ele então era todo como um só segredo
queria era embarcar tudo eram barcos para ele
havia múltiplas estrelas sobre as barcas belas
via correr nos corredores da noite
essa cabeça loura de mulher
que quantas vidas mais alguma vez tivesse
a não conseguiria um dia esquecer nunca mais

Ruy Belo, A Margem da Alegria

Sem comentários:

Enviar um comentário